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ÍNDICE
A HISTÓRIA
ELIE HORN E A FUNDAÇÃO
Tudo começou com Elie Horn, que nasceu em 1944 na cidade de Alepo, na Síria, e chegou ao Brasil com apenas 11 anos de idade. Na adolescência, começou a trabalhar com os irmãos em uma construtora paulistana, onde aprendeu a lidar com terrenos, cimento e tijolos. Foi então que já formado em direito e depois de 20 anos como funcionário da construtora, fundou em 1962 sua própria empresa, nascia então a Cyrela.
Até o início da década de 80, a empresa dedicava-se exclusivamente à incorporação residencial e de salas comerciais, enquanto a construção e venda dos projetos era terceirizada.
Em 1981, com o objetivo de prestar serviços mais personalizados e melhores aos clientes exigentes e sofisticados, foram criadas as subsidiárias Cyrela Construtora e Seller Consultoria Imobiliária e Representações, empresas que passaram a ser responsáveis pela construção e venda, respectivamente, de seus imóveis.
BRAZIL REALTY E A CRISE ARGENTINA
Em dezembro de 1993, é estabelecida uma parceria societária com a empresa argentina Inversiones e Representaciones S.A., e nasce a Brazil Realty S.A. Empreendimentos e Participações (antiga denominação social da atual Cyrela), com o objetivo de atuar na construção e locação de lajes corporativas de alto padrão. Com isso, a empresa foi uma das primeiras a desenvolver fundos de investimento imobiliário no Brasil.
Em 2002, durante a crise econômica argentina, o senhor Horn adquiriu a participação detida pela Realty, que passou a se dedicar, também, à incorporação residencial de alto padrão. A empresa soube aproveitar o bom momento que o mercado imobiliário tem vivenciado nos últimos anos.
ABERTURA DE CAPITAL
Em 2005, quando a Cyrela abriu seu capital na Bolsa de Valores, a incorporadora estava presente em duas cidades brasileiras, atuando basicamente em São Paulo, e detinha 74% das atividades de construções in-house. Com a expansão geográfica da empresa, ela rapidamente passou a atuar sete estados brasileiros.
Nos dois anos seguintes ao IPO, a Cyrela montou dez joint ventures e parcerias: Agra, Concima, Cury, Cytec+, Líder, Lucio Brazil, Mac, Plano & Plano, Goldsztein Cyrela e a SK Realty com o objetivo de se expandir pelo país, fez um follow-on e montou a Living e a Cyrela Commercial Properties.
A CRISE
Sob o olhar de Horn, a Cyrela chegou a operar em 120 cidades com 220 canteiros de obra funcionando simultaneamente. O avanço, contudo, não foi bem-sucedido. Sem conhecer as demandas dos clientes em cada lugar do Brasil, Horn tentou replicar sua fórmula de sucesso que funcionava em São Paulo. Deu errado.
Enquanto para muitos a crise de 2008 foi um desastre, Horn a vê como uma benção. Foi a oportunidade que teve para consolidar o negócio, reduzir o portfólio e retomar seu foco para sua área de maior conhecimento.
SUCESSÃO
Em abril de 2014, Elie Horn deixou o comando do dia a dia da Cyrela e seguiu como presidente do conselho de administração. Chegou a considerar contratar headhunter e avaliar executivos de fora da companhia, mas optou por uma solução caseira. No seu lugar, ficaram seus dois filhos Efraim e Raphael Horn, que dividem a presidência.
Desde a juventude, os dois filhos foram preparados na Cyrela para uma possível sucessão, mas troca começou a ser desenhada após Horn ter recebido o diagnóstico de Parkinson em 2012, o que o fez pensar no futuro.
Em seu family office, Horn começou a investir em saúde com a Hospital Care, com aquisições de hospitais em Campinas, Curitiba, Florianópolis, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Ele também já disse ter interesse no setor de educação, mas ainda não entrou no setor.
ELIE HORN E A FILANTROPIA
Fora da Cyrela, Horn nunca pensou em se aposentar. Para ele, a aposentadoria é uma covardia, pois acredita que ele tem deve devolver o que tem para a sociedade.
Ao longo da vida, Horn se aproximou cada vez mais do judaísmo, depois de uma infância e juventude longe da religião. Ele respeita as regras de alimentação e descanso semanal dos judeus e se apoia na sua crença em Deus. Por meio da religião, descobriu sua vocação na terra, que é fazer o bem.
Em 2015, se tornou o primeiro brasileiro a aderir ao Giving Plegde – iniciativa do casal Bill e Melinda Gates e do megainvestidor Warren Buffett para que ricos doem seu dinheiro para a caridade e tenta, há anos, convencer outros ultrarricos brasileiros a aderir à proposta e doar parte da fortuna para a filantropia. Até hoje, Horn e sua esposa, Susy, seguem como os únicos brasileiros na lista, com a promessa de doarem 60% de sua fortuna.
A adesão à iniciativa foi apenas um passo em uma longa jornada pela caridade que ganhou fôlego pouco antes de Horn deixar a Cyrela. Como um dos seus últimos legados como presidente, fundou em janeiro de 2011 o Instituto Cyrela, que recebe 1% do lucro da empresa que fundou e aplica em projeto de caridade.
Mas essa está longe de ser a sua única iniciativa concreta na filantropia. Em 2016, Horn criou a Liberta, organização para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes.
Dois anos depois, fundou o Movimento Bem Maior que agrega outros empresários como o fundador da MRV, CNN e Banco Inter, Rubens Menin, o CEO da Localiza, Eugênio Mattar, e personalidades como Luciano Huck. A iniciativa conta com dezenas de empresas parceiras como Accenture e a Microsoft e apoia mais de 70 projetos em 17 áreas de atuação como erradicação da pobreza, saúde, educação, igualdade gênero, saneamento, sustentabilidade e empreendedorismo.
A CYRELA HOJE
Atualmente a Cyrela investe constantemente em pessoas por meio da sua Universidade Corporativa e programas de responsabilidade social. Uma empresa que faz questão de valorizar os bairros onde atua por meio de melhorias urbanas e cuida do meio-ambiente, faz economia de materiais, pratica gestão de resíduos em suas obras e ajuda a comunidade através de diversos projetos sociais. Uma empresa que faz questão de valorizar a vida das pessoas.
ELIE HORN NO RODA VIVA
Fontes: Perfil de Elie Horn na InfoMoney e Blog MDM.